setembro 30, 2010

Comer, Rezar, Amar

Num destes lances de pura sorte, fui convidada por uma amiga hoje para assistir em primeira mão o filme Comer, Rezar, Amar. Não...ainda não li o livro...mas já iniciei o que temo ser uma longa madrugada na procura do exemplar que temos aqui em casa.

Sim, o tema é de auto-ajuda. Mas, a criatividade com que as cenas foram feitas, a paisagem, as tiradas, os atores, foram especialmente propícios para este filme. Assim como Julia Roberts, narro algumas lições aprendidas (antes do livro):

1º Todo mundo tem vontade de largar tudo e se encontrar;
2º Infelizmente, poucos têm a coragem suficiente para se encararem;
3º Às vezes, a pessoa que mais nos atrapalha somos nós mesmos;
4º O equilíbrio da vida está na capacidade de desequilibrarmos tudo;
5º Essa é importante, muito importante: assista a este filme em uma matine, preferencialmente no sábado. Sozinha ou com as amigas, tanto faz. Por que depois, a mente flui muito solta e fica complicado organizar os pensamentos.

Difícil dizer, por que precisamos abdicar de tudo e mudar completamente de lugar para nos conhecermos. Claro, tem a razão óbvia do exílio, forçamo-nos à adaptação e assim descobrimos nossa força interior. Aprendemos nossos limites e aceitamos conselhos (que geralmente nos são dados em casa), de estranhos como se fosse o segredo da vida.

Estou começando a achar que é mais do que somente estas razões fáceis. Acho que a destruição traz a oportunidade para o novo, para entrarmos no caos basta deixar as coisas como estão. Sair dele, somente se entendermos que o caminho é a simplicidade, a ingenuidade.

Na confusão dos pensamentos, é possível às vezes encontrar coerência. Com sorte, aprendemos cedo a saborear a boa comida – sem contar suas calorias, as boas companhias – sem exigir delas aquilo que não pode ser renunciado, o silencio – sem encará-lo como isolamento e bel far niente.

setembro 22, 2010

Cartas para Julieta...romance juvenil, mito ou estratégia de marketing?

Não sei se alguém viu o filme Cartas para Julieta que trata de uma garota incrivelmente romântica que acredita que amor verdadeiro atravessa gerações e dura toda a eternidade.
O enredo é clássico, mulher comprometida com um babaca – conhece outro babaca que acaba revelando-se um príncipe – enquanto busca pelo amor perdido da avó do segundo babaca – descobre o amor verdadeiro – larga o primeiro babaca – vai atrás do segundo – que parece ter se apaixonado por outra – que na realidade não é outra – uma cena clichê depois, finalmente os pombinhos ficam juntos.


Ah sim, sem contar o cenário onde tudo se passa. Itália. Um dos países mais românticos de todos os tempos, berço de uma das maiores histórias de amor conhecidas até hoje. Nem preciso dizer que hoje meu rosto está todo inchado de tanto chorar...lógico, para quem chora até em comercial de telefonia, esta programação me desidrataria na certa. Mas esta não é a questão. O foco é marketing, acreditam?

A protagonista vai à Itália para uma pré lua de mel e em Verona conhece as Secretárias de Julieta. Trata-se de um grupo de voluntárias que, há mais de 70 anos, responde à cartas deixadas na parede de pedra do jardim da casa de Julieta Capuleto.

Milhares de cartas de todas as nacionalidades, línguas e dialetos são deixadas anualmente na parede de pedras que cerca o jardim, aguardando ansiosamente pela resposta que acalmará o coração e a alma da remetente.

Os assuntos tratam basicamente de amor, achar e perdê-lo, lembrar e esquecê-lo...São escritas por adolescentes apaixonadas que vivem as dores da primeira afeição ou mulheres que sobreviveram e venceram as dificuldades de um grande amor. Emoções e desejos que se perpetuaram através dos séculos e que seguem regendo as maiores loucuras praticadas pelos seres humanos. Mesmo apesar de o romantismo (na sua forma mais explicita), estar mais oculto nos dias de hoje, materializando-se em forma de e-mail, SMS, Facebook, etc.

À parte da fábula, as Secretárias de Julieta são reais, verídicas. Um grupo de mulheres que responde todas as cartas destinadas à um dos grandes símbolos de amor. E na minha opinião, é uma grande jogada!

Seja pelo mito, seja pela crença em um amor tão lindo e puro quanto o vivido pelos jovens apaixonados de Shakespeare. Qualquer que seja a razão, as cartas têm um peso especial, são individualizadas e atendem ao suplico especifico de cada uma das inúmeras autoras.

Não seria isto a excelência do atendimento ao cliente? Uma solução personalizada para cada necessidade? Uma atenção tão especial e intima que conquista até o mais exigente e ferido dos clientes?

Aproveitar esta chance pode ser arriscado, visto que se trata de sentimentos e como todo mundo bem sabe, eles não seguem lá os caminhos mais lógicos da vida. São fatores de sucesso para qualquer operação.

Mas, esta atração turística conseguiu utilizar-se muito bem desta oportunidade. E não foi pela visibilidade que isto proporcionaria, nem pelo aumento projetado de turistas consumistas na cidade, nada de retorno imediato e nem monetário. Não. Mas sim pela genuína vontade de atender aos pedidos dos clientes ou de simplesmente ouvi-los.

A mais simples e pura verdade é que: prestar atenção, mas realmente prestar atenção, cativa!

Vamos à Verona?

Ou podes visitar o site das Secretárias de Julieta: http://www.julietclub.com/index_en.asp

setembro 13, 2010

Meu querido diário de malhação

Ok, ok...então é possível que comer Penne ao Funghi na noite que antecede a reavaliação física na academia pode não ter sido a melhor das minhas idéias. Mas, a janta valeu...e mais que isso a reunião das amigas.

Pois então, ainda não completei um mês na Curves (porque para variar fiz a inscrição e demorei para voltar), mas fiz minha primeira reavaliação depois de três semanas de exercícios. E, apesar da minha própria sabotagem, me livrei de 5 cm que estavam espalhados pelo corpo. Redução de kg em si, ainda não aconteceu...mas culpo o desenvolvimento da minha musculatura por isso.

Isto me rendeu Curves Cash!! Sim...até agora acumulo uma fortuna no total de 3 CC, uau. Mas não vou me intimidar...de 5 cm em 5 cm pelo menos as calças voltam a servir e posso usar grande parte do guarda roupas de novo! Praticamente como se tivesse comprando roupas novas!

Estes dias recebi o e-mail do Diário de uma Mulher, em que a coitada começa uma nova vida através da dieta e exercícios e ao final do mês está quase em surto. Comendo frangos que dançam ao redor da cama dela enquanto ela tenta dormir. Eu ainda não cheguei no primeiro mês...mas espero que não seja assim.

De um jeito ou de outro...operação golfinho segue a diante! Ansiosamente esperando o jejum que antecederá a próxima avaliação!

setembro 06, 2010

No rastro do Duke

Nem um mês depois de chegar aqui em casa, meu pequeno destruidor já está maior. Bem maior. Com o tamanho veio também a coragem de explorar novos objetos em casa. O cusco que antes era calmo agora está bem ambientado.

Na primeira tentativa de banho no veterinário, ele ganhou diversos brinquedos de morder. Até os usa...mas o rastro da destruição já começa a aparecer em casa. O banho foi uma tentativa frustrada...nas quatro últimas quadras do percurso de volta para casa ele conseguiu fazer pipi e regurgitar no cobertor dele. Logo em seguida ele escolheu aquele canto para sentar-se. Resultado: dois banhos no mesmo dia.

Como já está grandinho, agora ele elegeu a sua poltrona para descanso, já que no sofá ele ainda não consegue subir. Primeiro porque as pernas de trás ainda não impulsionam tão alto. Segundo porque este ainda é o único refugio da Chica...e toda vez que ele tenta, ela aproveita as vantagens que tem (tamanho e experiência) e bate nele.

Mas não é isso que acaba com a diversão do baixinho. Agora que os dentinhos estão afiadinhos ele escolhe os brinquedos ao passar pelos cômodos da casa. Já se foram:

1 tubo de pomada, a dele por sinal.
2 guias telefônicos.
Arranjos de pimenta (de pano, claro).
1 livro.
Incontáveis revistas.
Alguns panos.
2 porta copos.
1 barco de madeira.

O brinquedo favorito ainda é o rabo da Chica...e agora ele descobriu que as orelhas dela também são o máximo. Pobre Chica! E como todo homem, segue fazendo pipi fora do lugar e adora um colinho!

setembro 05, 2010

Discuros Steve Jobs - Stanford University 2005

Este discurso rendeu inúmeras versões em vídeo, milhões de visualizações e cinco anos depois, ainda é tópico de busca na internet e rende discussões intermináveis sobre o sentido das coisas e a forma como elas se encaixam. O texto pode parecer bem piegas, mas as mensagens são sensacionais e vale a leitura. Ou releitura. Ou re-releitura...como no meu caso.

Cada vez que leio, tenho impressões e reflexões diferentes. Este texto demonstra, com três exemplos da vida pessoal de Steve Jobs, a filosofia de gestão que ele aplica em uma das empresas mais cobiçadas, imitadas, invejadas e idolatradas do mundo.

"Estou honrado de estar com vocês hoje na sua graduação de uma das melhores universidades do mundo. Eu nunca me formei na faculdade. Verdade seja dita, isso é o mais perto que já estive de uma graduação de faculdade. Hoje eu quero lhes contar três histórias da minha vida. Só isso. Nada de mais. Apenas três histórias.

A primeira história é sobre ligar os pontos.

Ligar os Pontos

Eu larguei a Faculdade Reed depois dos primeiros 6 meses, mas então continuei ao redor por mais 18 meses ou mais antes de realmente largar. Mas por que eu larguei?

Começou antes de eu ter nascido. Minha mãe biológica era uma jovem, não-casada estudante de graduação de faculdade, e ela decidiu me colocar para adoção. Ela sentia muito fortemente que eu deveria ser adotado por pessoas formadas, então tudo estava preparado para eu ser adotado no nascimento por um advogado e sua esposa. Exceto que quando eu apareci eles decidiram no último minuto que eles queriam mesmo uma menina. Então meus pais, que estava numa lista de espera, receberam uma ligação no meio da noite perguntando: “Temos um menino bebê inesperado; vocês o querem?” Eles disseram: “Claro.” Minha mãe biológica descobriu mais tarde que minha mãe nunca se formou na faculdade e que meu pai nunca se graduou do colégio. Ela se recusou a assinar os papéis finais de adoção. Ela apenas cedeu alguns meses depois quando meus pais prometeram que um dia eu iria para a faculdade.

E 17 anos depois eu fui pra faculdade. Mas eu ingenuamente escolhi uma faculdade que era quase tão cara quanto Stanford, e toda a poupança dos meus pais de classe média estava sendo gasto na minha faculdade. Depois de seis meses, eu não conseguia ver o valor nisso. Eu não tinha idéia do que queria fazer da minha vida e nenhuma idéia de como a faculdade iria me ajudar a descobrir. E aqui estava eu gastando todo o dinheiro que meus pais economizaram suas vidas inteiras. Então decidi largar e confiar que tudo daria certo. Foi bem assustador na época, mas olhando para trás foi uma das melhores decisões que já fiz. A partir do momento em que larguei eu pude parar de assistir às aulas obrigatórias que não me interessavam, e começar a assistir às que me interessavam.

Não foi tudo tão romântico. Eu não tinha um dormitório, então eu dormia no chão do quarto de amigos. Eu devolvia garrafas de Coca-cola por 5 centavos para comprar comida e eu andava uns 10km pela cidade todo Domingo à noite para ter uma boa refeição por semana no templo Hare Krishna. Eu adorava isso. E muito do que eu esbarrei em seguir minha curiosidade e intuição acabou se tornando de grande valor mais tarde. Me deixem dar um exemplo:

A Faculdade Reed, naquela época, oferecia talvez a melhor instrução de caligrafia do país. Por todo o campus cada pôster, cada etiqueta em cada armário, era maravilhosamente caligrafada à mão. Por causa de eu ter largado e não precisar mais ver as aulas normais, decidi ter aulas de caligrafia para aprender como fazer aquilo. Aprendi sobre tipos de serifa e sans serifa, sobre variar a quantidade de espaço entre diferentes combinações de letras, sobre o que fazia a grande tipografia grande. Era maravilhoso, histórico, artisticamente sutil de uma maneira que a ciência não consegue capturar, e eu achava fascinante.

Nada disso tinha nem uma esperança de aplicação prática na minha vida. Mas dez anos mais tarde, quando estávamos desenvolvendo o primeiro computador Macintosh, tudo isso voltou para mim. E nós desenhamos tudo isso no Mac. Foi o primeiro computador com tipografia maravilhosa. Se eu nunca tivesse entrado naquela único curso na faculdade, o Mac não teria múltiplos tipos ou fontes proporcionalmente espaçadas. E como o Windows apenas copia do mac, é possível que nenhum computador pessoal tivesse. Se eu nunca tivesse largado, nunca teria entrado naquela aula de caligrafia, e computadores pessoais poderiam não ter a maravilhosa tipografia que têm. Claro, era impossível ligar os pontos olhando para frente quando estava na faculdade. Mas estava muito, muito claro olhando dez anos para trás depois.

Novamente, você não pode ligar os pontos olhando para a frente; você apenas pode ligá-los olhando para trás. Então você tem que confiar que os pontos vão, de alguma forma, se ligar no seu futuro. Você tem que confiar em alguma coisa – sua força, destino, vida, carma, qualquer coisa. Isso nunca me deixou na mão, e tem feito toda a diferença na minha vida.

Minha segunda história é sobre amor e perda.

Amor e Perda

Eu tive sorte – encontrei o que amava cedo na minha vida. Woz e eu começamos a Apple na garagem dos meus pais quando eu tinha 20 anos. Trabalhamos duro, e em 10 anos a Apple cresceu de apenas nós dois em uma garagem para uma empresa de US$ 2 bilhões com mais de 4 mil funcionários. Tínhamos acabado de lançar nossa melhor criação – o Macintosh – um ano antes, e eu tinha acabado de fazer 30 anos. E então eu fui demitido. Como você pode ser demitido da empresa que começou? Bem, quando a Apple cresceu contratamos alguém que eu pensava que era muito talentoso para tocar a empresa para mim, e pelo primeiro ano e pouco as coisas iam bem. Mas então nossas visões de futuro começaram a divergir e eventualmente tivemos uma briga. Daí, nossa junta diretora se junto a ele. Então, aos 30, eu estava fora. E bem publicamente fora. O que tinha sido o foco da minha vida adulta inteira tinha ido embora, e isso foi devastador.

Eu realmente não sabia o que fazer por alguns meses. Eu sentia que tinha decepcionado a geração anterior de empreendedores – que eu soltei o bastão enquanto estava sendo passado para mim. Eu me encontrei com David Packard e Bob Noyce e tentei me desculpar por cagar tão feio. Foi um fracasso muito público, e eu até pensei em ir embora do Vale. Mas alguma coisa começou a crescer em mim – eu ainda amava o que fiz. O andar da carruagem não mudou nem um milímetro na Apple. Eu tinha sido rejeitado, mas eu ainda estava apaixonado. Então decidi começar de novo.

Eu não enxerguei naquela época, mas o fato é que ter sido demitido da Apple foi a melhor coisa que poderia ter acontecido comigo. O peso de ser bem sucedido foi substituído pela leveza de ser um novato novamente, menos certo sobre tudo. Me liberou para entrar em um dos períodos mais criativos da minha vida.

Durante os cinco anos seguintes, eu comecei uma empresa chamada NeXT, outra empresa chamada Pixar, e me apaixonei por uma mulher incrível que se tornaria minha esposa. Pixar acabou criando o primeiro filme de longa metragem animado por computador, Toy Story, e é agora um dos mais bem sucedidos estúdios de animação do mundo. Em uma incrível virada de eventos, a Apple comprou a NeXT, eu retornei à Apple, e a tecnologia que desenvolvemos na NeXT está no coração do renascimento atual da Apple. E Laurene e eu temos uma maravilhosa família juntos.

Tenho muita certeza que nada disso teria acontecido se eu não tivesse sido demitido da Apple. Foi um remédio terrivelmente amargo, mas acho que o paciente precisava disso. Algumas vezes a vida bate na sua cabeça com um tijolo. Mas não perca fé. Você tem que achar o que ama. E isso é verdade tanto para sua vida profissional quanto amorosa. Seu trabalho vai preencher uma grande parte da sua vida, e a única maneira de se sentir verdadeiramente satisfeito é fazendo o que acredita ser um grande trabalho. E a única maneira de fazer um grande trabalho é amando o que você faz. Se ainda não encontrou, continue procurando. Não pare. Como todos os assuntos do coração, você saberá quando encontrá-lo. E, como qualquer grande relacionamento, vai apenas se tornando melhor e melhor à medida que os anos passarem. Então continue procurando até encontrá-lo. Não pare.

Minha terceira história é sobre morte.

Morte

Quanto eu tinha 17 anos, li uma frase que era mais ou menos assim: “Se você viver cada dia como se fosse seu último, algum dia você certamente estará certo.” Deixou uma impressão em mim, e desde então, nos últimos 33 anos, eu olhava no espelho toda manhã e me perguntava: “se hoje fosse o último dia da minha vida, eu gostaria de fazer o que estou para fazer hoje?” E sempre que a resposta era “Não” por muitos dias seguidos, eu sabia que tinha que mudar alguma coisa.

Lembrar que eu estarei morto logo é a ferramenta mais importante que já encontrei para me ajudar a tomar grandes decisões na vida. Porque quase tudo – todas as expectativas externas, todo o orgulho, todo medo de embaraçamento ou fracasso – essas coisas simplesmente padecem em face da morte, deixando apenas o que é verdadeiramente importante. Lembrar que você vai morrer é a melhor maneira que eu conheço de evitar as armadilhas de pensar que você tem algo a perder. Você já está nú. Não há razão para não seguir seu coração.

Mais ou menos um anos atrás, eu fui diagnosticado com câncer. Eu tinha um scan à 7:30 da manhã, e ele claramente mostrou um tumor no meu pâncreas. Eu nem mesmo sabia para que servia um pâncreas. Os médicos me disseram que era quase certo ser um tipo de câncer que é incurável, e que eu deveria esperar viver não mais do que três a seis meses. Meu médico me aconselhou a ir para casa e deixar as coisas em ordem, que é um código de médico para “prepare-se para morrer”. Significa tentar dizer a seus filhos tudo que pensou que teria os próximos 10 anos para explicar, em apenas alguns meses. Significa ter certeza que tudo está abotoado para tornar as coisas o mais fácil possível para sua família. Significa dizer seus adeus.

Eu vivi com esse diagnóstico o dia todo. No fim do dia eu fiz uma biópsia, onde eles enfiam um endoscópio pela garganta, através do meu estômago até meu intestino, colocam uma agulha no meu pâncreas e tiram algumas células do meu tumor. Eu estava sedado, mas minha esposa, que estava lá, me disse que quando eles viram as células sob um microscópio os médicos começaram a chorar porque acabou sendo uma forma muito rara de câncer pancreático que é curável com cirurgia. Eu fiz a cirurgia e estou bem agora.

Isso foi o mais próximo que cheguei de encarar a morte, e espero que tenha sido o mais próximo por mais algumas décadas. Tendo vivido por isso, eu posso dizer isso a vocês agora com um pouco mais de certeza do que quando a morte era útil mas puramente um conceito intelectual:

Ninguém quer morrer. Mesmo as pessoas que querem ir para o céu não querem morrer para chegar lá. E mesmo assim a morte é um destino que todos compartilhamos. Ninguém nunca escapou dele. E é assim mesmo que tem que ser, porque a Morte é provavelmente a melhor invenção da Vida. É o agente de mudança da Vida. Ela limpa o velho para abrir caminho para o novo. Agora mesmo o novo são vocês, mas algum dia, não muito longe de agora, vocês gradualmente se tornarão o antigo e serão limpados fora. Desculpe ser tão dramático, mas é bem verdade.

Seu tempo é limitado, então não o desperdicem vivendo a vida dos outros. Não sejam amarrados por dogma – que é viver com os resultados dos pensamentos de outras pessoas. Não deixe o barulho da opinião dos outros afogar sua própria voz interior. E mais importante, tenha a coragem de seguir seu coração e intuição. De alguma forma eles já sabem o que você verdadeiramente quer se tornar. Todo o resto é secundário.

Quando eu era jovem, havia uma publicação incrível chamada O Catálogo do Mundo Inteiro, que foi uma das bíblias da minha geração. Foi criado por um colega chamado Stewart Brand, não muito longe daqui, em Menlo Park, e ele trouxe isso à vida com seu toque poético. Isso foi no fim dos anos 60, antes dos computadores pessoais e ferramentas de editoração, então foi tudo feito com máquina de escrever, tesoura e câmeras polaroid. Era algo com o Google em formato de papel, 35 anos antes do Google nascer: era idealista, e transbordando de ferramentas legais e grandes noções.

Stewart e sua equipe lançaram várias edições do Catálogo do Mundo Inteiro, e então, quando chegou ao fim do seu curso, eles lançaram uma edição final. Era no meio dos anos 70, e eu tinha a idade de vocês. Na capa de trás da edição final havia uma fotografia de uma rua de campo de manhã cedo, do tipo onde vocês se encontraria pedindo carona se forem aventureiros. Embaixo estavam as palavras: “Mantenham-se com Fome. Mantenham-se Tolos.” Foi a mensagem de despedida deles quando estavam se desligando. Mantenham-se com Fome. Mantenham-se Tolos. E eu sempre desejei isso para mim mesmo. E agora, como vocês estão se graduando para começar o novo, eu desejo isso para vocês.

Mantenham-se com Fome. Mantenham-se Tolos.

Muito obrigado a todos vocês".

setembro 02, 2010

Message in a bottle

Porque eu nunca tinha visto uma idéia destas não sei, pode muito bem ter sido por desatenção. Alias, isto é muito provável visto que hoje tive a capacidade de perder a tarraxa do meu brinco em casa e achá-la no escritório. Enfim...

No jornal hoje está uma matéria sobre a artista plástica Elida Tessler. Ela está preparando uma peça para a mostra Dubling, que será realizada em Miami.

Trata-se de garrafas de vinho, que possuem impressas em suas rolhas, gerúndios que ela encontrou no livro Ulisses. Nelas estão as mensagens: Waiting, Begining, Being, Pulling, Barring, entre outras.

É a típica idéia que pode facilmente virar ação de marketing...daquelas que faz com que nossos concorrentes digam: “Ai no creo... Mas é ridículo de tão óbvio”! Imagina as possibilidades...pode-se imprimir pequenos poemas, frases, palavras...enfim, um toque especial para uma bebida que tem tudo a ver com isso.

Eu, por exemplo, adoraria encontrar uma Message in a Bottle!

Fonte: ZH, edição de 02.09.10 - Contracapa do Segundo Caderno por Roger Lerina.