março 20, 2013

Na contramão do Super-Homem


Quem desconhece o medo de voar, provavelmente não entenderá do que estou falando. As mãos suam, coração bate forte, borboletas na barriga. Sensações que seriam lindas, se eu estivesse me apaixonando e não embarcando na ponte aérea.

O nervosismo já começa na sala de embarque. O céu está nublado...ai Deus, será uma subida turbulenta. Todos que estão a minha volta, demonstram uma tranquilidade invejável. Será que sou só eu que fico assim?

O voo é chamado e finjo um desinteresse incrível, entro sempre por último. Minha estratégia é ficar menos tempo possível dentro do avião. Munida de revistas, livros e jogos, entro sempre com o pé direito e fazendo sinal da cruz. Isto sempre causa uma risadinha dos comissários de bordo, que nos recepcionam na porta. Sento.

Agora, o que exatamente significa, quando o comandante diz: “Por favor, precisamos que 07 passageiros, sentados ao fundo da aeronave, mudem seus lugares para os assentos do meio para que possamos nivelar a aeronave”? Oi?? Ela supostamente não deveria fazer isto sozinha? E se um passageiro pesa mais do que o outro, como fica? Alguém está contabilizando quilos?

Não me lembro de ter me pesado antes do embarque. Fiz o check-in pela internet e não tinha opção de marcar quanto eu peso – não que eu fosse compartilhar esta informação sigilosa assim. Genti, eu menti o peso da minha bagagem de mão, e agora?? Será que essa diferença vai fazer o avião cair? Talvez eu devesse colocar minha bagagem lá na frente e sentar no meio.

Uma vez, um amigo piloto me disse que, na escola de aviação eles aprendem que a ação dos fatores externos (que cumulam para uma tragédia aérea), são como os furos de um queijo suíço. “Julia, relaxa! A não ser que todos os furos estejam alinhados, é praticamente impossível algo de ruim acontecer”. Ah que ótimo, não entendo nada de queijos. Mas, se até os planetas se alinham de tempos em tempos, quem me garante que hoje não é o dia em que os furos resolveram entrar em formação?!

março 04, 2013

Aquele dia em que nos damos conta, que estamos ficando velhos.


A destreza com eletrônicos é uma marca de quem nasceu nos anos 80. Vimos a internet nascer, os computadores diminuírem, os celulares aparecerem (e diminuírem). Na era do @, já estávamos completamente aclimados com a tecnologia. Do ICQ, ao Messenger ao chat do Facebook.

O mesmo com aparelhos eletrônicos surge o DVD, Blueray, a televisão com USB e HDMI. Do Tijorola, ao iPhone, passando pelo Motorola V3, Samsung Slin e tantos outros. A evolução tecnológica acontece sob nossos olhares curiosos. Cada vez que vem ao mercado uma nova versão, bastava colocarmos a mão nele e sabíamos operá-los como se tivéssemos nascido com o manual de instruções armazenado no cérebro.

Lembro de receber ligações de mamãe, perguntando como mudar a entrada da televisão e ligar o DVD. Passo a passo, guiava-a pelas instruções que já sabia de cor. O mesmo acontecia com programas de computador. “Como faço para animar apresentação no power point?”. Me pegava pensando, como é que pode ela não ter decorado isso ainda? Como sempre está perdida? É tão fácil, praticamente autoexplicativo.

Pois bem. Eis que, 31 anos depois, estou sentada na sala assistindo à TV em companhia de uma amiga nos seus 20 anos. A televisão começou a fazer algo fora de sua rotina, passei a mão no controle e numa tentativa frustrada, vi minha amiga resolver o problema com dois cliques apenas. Ainda fui agraciada com aquele sorriso irônico, que me dizia que ela estava pensando o mesmo que tantas vezes pensei “como pode ela não saber resolver isto?”.

Pronto, foi exatamente no dia 16/02/13, que vi que não estou mais no grupo dos descolados. Agora entendo que, quando nos damos conta, as coisas simplesmente não fazem mais o sentido que faziam antes e não são assim, tão fáceis. A intimidade que tínhamos com os aparelhos não mais nos pertence.

Admito que não gosto muito dessa situação, o que acontecerá agora? Daqui a pouco, vou precisar de ajuda para acertar o relógio do micro-ondas. Af.