agosto 02, 2012

Incondicionalmente minha.


Te conheci pequena, irritante, cheia de manias. Nos altos de uma casa no Morumbi, dividimos uma parede e o que hoje parece, uma infinidade de aprendizados. Ainda muito pequenas fizemos uma escolha, escolhemos ser irmãs. Mal sabíamos nós que, estávamos escolhendo o amor incondicional.

A relação começou acanhada, aos poucos fomos nos descobrindo e aprendendo o significado de irmandade. Com o passar dos anos, a relação cresceu e evoluiu, as historias então se multiplicaram. Dançávamos na sala, na cozinha, no pátio. Saíamos escondidas, entrávamos na calada da noite no quarto uma da outra depois de assistirmos na TV, aos filmes que na verdade não tínhamos permissão para ver. Tudo para nos certificarmos de que, nenhuma das duas seria a abobada que deixaria cair água no chão, provocando a multiplicação dos Gremlins e o fim do mundo.

Brigávamos pelo banco da frente, pelo de trás, pelo filme na locadora, pelo primeiro pedaço, pelo último, por quem tomava banho mais rápido, se arrumava antes, pelo lugar na mesa, pelo Amendocrem, pela lembrancinha na festa de aniversário e pelo lugar no sofá. A melhor parte das brigas era saber que, independente do resultado e dos roxos, estaríamos juntas.

Aprendi a dividir histórias, casos, confidencias. Eras meu "querido diário". A primeira reunião dançante (ou festa Americana), o primeiro beijo, primeiro namorado, primeiro porre - este definitivamente não tem como esquecer, paixões platônicas, peripécias proibidas, tudo passou por ti. Como boas irmãs, nos apoiávamos nos momentos bons e nos reprimíamos naqueles nem tão agradáveis assim. Acobertávamos uma a outra e mesmo que estivéssemos brigadas e juradas de morte, jamais nos entregamos. 

Dividi minha vida e meus sonhos contigo, meu jeito de ser, minha juventude e meus pensamentos. Vibrei muito, torci muito por ti e nunca vou conseguir expressar em palavras a gratidão que sinto por teres me levado contigo, no caminho para te tornares uma grande e inesquecível mulher. És uma das pessoas mais fortes, de brilho mais intenso e uma das melhores mães que conheço. Nada nunca vai apagar essa história, este sentimento.

O mais especial e verdadeiro é que, apesar dos pesares, nós escolhemos tudo isso. E, mesmo nos momentos em que parecia que a vida nos separaria, escolhemos permanecer juntas, ligadas. E agora você se foi e eu fiquei aqui, perdida, precisando do teu colo. 

Estarás sempre comigo. Sangue do meu sangue. Te amo.


16 comentários:

  1. Força minha querida! Um forte abraço!

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  2. Força... tudo muda o tempo todo, no mundo...

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  3. Amiga, que lindo o que escreveste. Sinto muito não estar ao teu lado neste momento... te amo muito! Bjos Gabi Trindade

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  4. lembro muito dessas meninas... enchiam a casa rindo, brincando e brigando... momentos felizes...
    Cristina Barretta

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  5. Nossa prima... que lindo!!!
    Obrigada por compartilhar palavras tão lindas (aqui e no fb) que me emocionaram e me fez lembrar da grande mulher que foi a Andrea, uma mãe excepcional, e uma pessoa linda em todos os sentidos!
    Te amo. Bjos no coração.

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  6. Perdas deixam sempre um vazio... É o momento que nos confrontamos, talvez até mesmo, com a nossa morte,. Se é alguém amado isso se confirma, pois um pouquinho de nós morre junto. Há três semanas meu pai faleceu. Coloquei na cabeça que não é um adeus, mas uma preparação para um novo reencontro.
    Não deixe de viver esse luto. E você o está vivendo lindamente homenageando-a neste lindo texto.
    Muita luz para você e ela. Beijos. Marluci

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  7. É difícil não ter o que falar neste momento. A homenagem feita me fez chorar pela forma como cada palavra, frase e verso foi sendo colocada em um texto que tenho certeza, veio do fundo do coração.

    Seja o mais forte quanto conseguir e saiba que ela, onde estiver, vai lhe agradecer por isso,

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